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A ligação da familia Mourinha, como muitas outras, ao vinho e à vinha, é antiga. Eram famílias agrícolas e as producões principais na região de Borba eram e são, o azeite, o queijo e o vinho.
Pelo que se sabe, João de Deus Mourinha, avô paterno do João Mourinha, era um eminente negociante do inicio do seculo XX.
Por volta de 1920, adquiriu uma vinha na região de Borba, chamada " S.Miguel", contigua a uma ermida, que repartia o nome com a propriedade.
Posteriormente, adquiriu uma propriedade com Olival, chamada Figueira Coriga, numa aldeia do mesmo concelho, a Nora.
Terá sido a partir das uvas da vinha de S.Miguel que João de Deus Mourinha, fez pela primeira vez vinho, numa típica adega de talhas de barro, em Borba.
Esses primeiros vinhos, vindos de S. Miguel para as talhas na adega, que servia igualmente de taberna, ganharam fama de deliciosos, o que deu muita satisfação ao seu mentor.
Pelo que se conta, como excelente negociante que era, fez bons negócios regados por esses vinhos, como a aquisição da quinta Figueira Coriga, do palácio dos Mellos, em Borba, entre outros.
Ora, tal não foi a sua devoção e gratidão aos terrenos de S. Miguel, que João de Deus Mourinha, expressou um unico desejo aos seus herdeiros, antes da sua morte (1950) - reerguer a capela S.Miguel, que na altura estava em ruínas.
João de Deus Mourinha, teve dois filhos ilegitimos, de duas mulheres diferentes, sem nunca ter casado. Hilario o primogenito, e depois o Joaquim Bento.
As relações com os filhos foram praticamente inexistentes, e se por um lado o Hilário foi bem mais cedo reconhecido como filho, o Joaquim Bento só o foi perto do fim da vida do pai, quando se encontrava bastante doente, no leito da morte.
Quim Bento, como era tratado, de uma pequena aldeia nas abas da serra D'Ossa, a Ribeira.
Filho sem pai, foi criado pela mãe, pelos tios, em plena pobreza, e vê a sua vida mudar, ao herdar, uma parte dos bens de seu pai, aos vinte anos de idade.
Essa parte entre outras coisa, incluía a propriedade de olival, a Figueira Coriga.
Conhecido entre os seu amigos como um homem inteligente e de rara sensibilidade, dedica-se, a partir de então, à agricultura, gerindo à sua maneira os bens que lhe tinham ficado.
Em 1955, entra como sócio-fundador da Adega Cooperativa de Borba, com as vinhas de S. Miguel e mais umas parcelas pequenas.
Entretanto a quinta Figueira Coriga, de terra "chumbeira" e pedregosa, pois estava no maciço dos mármores de Borba-Estremoz, permaneceu em olival pouco produtivo.
Até que em 1970, ao seu estilo de homem engenhoso, restruturou a Figueira Coriga, ao plantar ali vinha, o que parecia impossivel em terrenos tão pedregosos.
Usou pólvora para partir os cabeços mais salientes de pedra cascalva, que afloravam à superficie.
Fez gigantescos buracos no terreno que permitia alguma profundidade para enterrar essas mesmas pedras, e a terra que sobrava, servia para cobrir outros tantos cabeços de pedra.
Estava a fazer os primeiros esboços do que seria o "terroir" unico, de calcarios dolomíticos, dos vinhos Figueira Coriga.
Essa estrutura de terreno ainda hoje se mantém nas parcelas de Trincadeira e Syrah da Figueira Coriga.
Depois de seu pai falecer, em 2005, João Mourinha, engenheiro florestal de formação, decide estudar enologia, no sentido de um dia fazer vinho na Figueira Coriga.
Quando em 2010, ele, sua mãe Antónia Anjinho, e os irmãos Mateus e Maria, decidem fazer as partilhas dos bens que Joaquim Bento lhes tinha deixado, a Figueira Coriga, que seria a vontade maior de João, no sorteio de divisão calha à Maria, e o sonho de um dia ali fazer vinho esfumou-se com a espuma do Mar.
Mas por breves instantes, pois logo a seguir, Maria a irmã mais nova, aprecebendo-se da preferência e desilusão do irmão do meio, disse: Queres trocar?
Mais tarde, o João acabou por fazer mestrado em viticultura e enologia, e em 2011 replantou toda a área com as castas que intuiu mais potencial enológico .
Hoje, tanto o Mateus como a Maria colaboram em projetos relacionados com a Figueira Coriga.